É muito difícil calcular o preço, ou custo, de não se ter informação. Por falta dela, muitas vezes deixamos de ter benefícios ou até mesmo temos muitos prejuízos. Isso quando falamos de dinheiro é muito sensível e perceptível para grande parte da população, pois conseguimos quantificar. Conseguimos saber quanto perdemos num negócio por não saber corretamente seus detalhes, ou quanto deixamos de ganhar por não investir corretamente numa aplicação por desconhecimento. Agora, quando falamos de saúde, não é tão simples de se perceber, pois temos muitas variáveis envolvidas e diversos fatores que influenciam e modificam o curso da doença.Mas vou relatar um caso que é bem didático para entendermos isso.
Em março de 2020 recebemos uma criança na clínica que nunca tinha ido ao dentista pois, entre outras crenças, os pais achavam que não precisavam se preocupar com a saúde bucal dela enquanto os dentes fossem os de leite, porque iriam cair. Fizemos a consulta inicial, que é bem complexa e demorada, onde além da investigação da saúde geral, dos hábitos e das condições gerais, fazemos uma avaliação da saúde bucal, tirando fotos dos dentes que depois são ampliadas em até 80 vezes, para que os responsáveis consigam visualizar as condições dos dentes. Nesta consulta identificamos que a criança estava com a saúde bucal comprometida, com uma escovação deficiente, a dieta descontrolada em relação à cárie, inflamação nas gengivas, início de formação de tártaro e cáries no estágio de manchas brancas. Tudo isso seria revertido e tratado de uma maneira tranquila, basicamente passando informações para os responsáveis e fazendo um tratamento simples e eficaz, além de rápido. Costumamos explicar para os responsáveis que cárie não se trata no consultório, se trata em casa, no dia a dia, controlando a dieta e a escovação. Propusemos o plano de tratamento, que tinha um valor “X”. Os pais relataram que não iam fazer, pois os dentes ainda eram de leite e acharam que não tinha necessidade de gastar dinheiro com eles, mesmo após termos explicado na consulta a importância deles, que tem raíz, podem doer, podem precisar de tratamento de canal e guiam a vinda dos permanentes, guardando espaço para eles. Além de ficarem juntos com os permanentes na boca por 6 anos, podendo transmitir as bactérias causadoras da cárie. Mas tudo bem, os responsáveis tem todo o direito de optarem por não fazer o tratamento, foge do nosso controle, apesar de sentirmos muito porque as grandes prejudicadas são as crianças.
Passados 2 anos e meio essa criança retornou para nós, pois estava com dor. Realmente fiquei assustado com as condições dela. Vou tentar colocar as fotos nesta postagem para vocês visualizarem, mas se não conseguirem, acessem nossas redes sociais que lá tem esse caso resumido. Ela estava com quase todos os dentes destruídos, com muita dor, dentes permanentes afetados, alguns dentes sem condições de serem mantidos e por isso seriam extraídos, outros precisavam de tratamento de canal, outros de coroas, um caos. Infelizmente a situação chegou a esse ponto. Agora, esse tratamento ficou 15 “X”. Fora o saúde bucal perdida, as dores sofridas neste período, o tempo despendido para o tratamento, os custos indiretos…ou seja, ainda não conseguimos calcular corretamente quanto que ficou mais caro financeiramente, mas podemos entender que não valeu a pena.
Por isso, invista em prevenção, tenha os cuidados diários em casa, consulte o odontopediatra, faça as consultas preventivas nos períodos recomendados e ofereça o melhor para seus filhos!
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